"Eu deveria estar feliz?”.
Talvez a felicidade esteja dentro de mim, como alguns insistem em acreditar. Mas, mesmo que isso seja verdade, não é suficiente para me fazer girar com os braços abertos em uma música, apenas contemplando uma alegria. Não deixo de querer sempre mais, querer que façam tudo conforme desejo e, quando isso não acontece, decepciono-me, culpo-os e quero suas cabeças em bandejas.
O tempo passa e nada muda. Sempre insatisfeita, sempre buscando o que não posso ter; e a angústia que isso me causa torna-se a cada segundo mais insuportável. Detestáveis escolhas.
Quando tenho rosas brancas quero pintá-las de vermelho, quero transformar tudo ao meu redor de acordo com minhas majestosas vontades... Ha ha ha ha ha. Este jogo é minha vida, e não posso pará-lo até sentir-me, pelo menos uma vez, verdadeiramente satisfeita.
“Cortem-lhe a cabeça!”
E assim vejo minhas rosas brancas serem tingidas de vermelho, sem pressa, numa calma fluída, visceral, viva. Finalmente chega o momento em que posso dizer que venci. Meu reflexo no espelho esboça um sorriso que já conheço: irônico, cortante. Um sorriso que só aqueles que já sucumbiram ao poder podem identificar. Aquela cabeça não é suficiente.
Nenhuma jamais será. Contudo, as cartas estão em minhas mãos e eu jogo como quero. Insatisfeita sempre, entediada nunca.
“Tragam o próximo.”
Nunca deixo de me impressionar com as turbulências que o poder pode causar em uma vida. Tanto na minha, quanto naquela que se esvai conforme a lâmina a atravessa.
* Este texto foi escrito em conjunto com Nemesis.