Florence voltou para onde estava o pergaminho. Ele parecia ainda maior do que da última vez. Não se conseguia mais enxergar seu fim no horizonte. Tirou os sapatos e ficou de pé sobre ele. Havia encontrado o primeiro capítulo. Decidiu que iria lê-lo, não importando quantos quilômetros o capítulo tivesse. Para sua sorte, o primeiro capítulo era bem mais curto que o esperado.
Parecia um dia como qualquer outro. Não era. A Terra havia tentado avisá-los por anos de que algo terrível estava por vir. Contudo, ninguém entendeu os sinais. Até que, finalmente, nesse dia, tudo mudou. O tempo parou. Ninguém percebeu, pois haviam sido paralisados. Era o último esforço da Terra para conter a catástrofe iminente. Foi em vão. Quando o tempo voltou a correr, a terra tremeu. Cada vez mais forte. Todos entraram em pânico. O chão se abriu, engolindo tudo o que estava no caminho. Aqueles que estavam seguros ainda tiveram que ver uma enorme parede de água se levantar e levar o pouco que havia sobrado embora. Muitos perderam a vida. Outros sentiram que haviam perdido muito mais.
Quando a terra se acalmou no dia seguinte, os que sobreviveram encontraram um desafio ainda maior: recomeçar do zero. Não foi um processo rápido, mas no fim das contas, vários deles reencontraram-se com a harmonia que havia sido perdida há tanto tempo. Milhares agindo como um só, tendo o bem comum como principal objetivo. Estavam melhores, mais fortes. Dessa vez, vários notaram a mudança que estava para chegar.
O que ninguém sabia é que todos aqueles que haviam sido levados embora, ao mesmo tempo, acordavam em uma nova terra dentro da terra. Depararam-se com um enorme tapete florido, de tamanho imensurável.Toda a mágica do mundo de fora havia sido canalizada para o mundo de dentro. Quem estava ali logo percebeu que era capaz de fazer qualquer coisa, de ser o que quisesse.
Foi assim que tudo tal como conhecemos começou. Pouquíssimos dos habitantes de fora sabem da existência do mundo dentro da terra, e vice-versa. Quase ninguém pisou nos dois mundos na mesma vida. Mas, mesmo assim, o tempo passará para ambos, até chegar o dia de se tornarem um só novamente. E, assim como o dia em que o chão se abriu, parecerá um dia como qualquer outro. Mas não será.”